quarta-feira, 13 de maio de 2015

O MITO DA PRINCESA REDENTORA- NÃO FOI BEM ASSIM....


O MITO DA PRINCESA REDENTORA- NÃO FOI BEM ASSIM....



      Quando eu era criança , na escola primária me ensinaram uma canção que dizia assim:

Princesa dona Izabel, mamãe disse que a senhora,
Perdeu o seu lindo trono, mas tem um mais lindo agora!
No céu está esse trono, que agora a senhora tem.
Além de ser mais bonito, tem mais nobreza também.

                                                  
ASSINATURA DA LEI ÁUREA- 13 DE MAIO DE 1888 -RJ.

       Isso era cantado nas homenagens de 13 de maio, data da comemoração da libertação dos escravos pela princesa filha de D. Pedro II. Só adulta entendi e aprendi que não tinha muita coisa para comemorar. Já que a princesa seguiu a vontade de alguns europeus e brasileiros vindos de estudos na Europa e América,  que abominavam a escravidão. A grande maioria dos senhores de escravos, estavam insatisfeitos com a lei do ventre livre e dos sexagenários que lhes deixavam apenas despesas e escravos com limitações! E nenhum deles jovem e forte! Pouco lhes servia manter a escravidão , quando tantos imigrantes fortes, com vontade de trabalhar chegavam da Europa e Ásia às lavouras do país especialmente no sul e sudeste.

      A primeira lei que deu alguma liberdade aos negros no brasil foi  a lei do ventre livre, sancionada  pelo visconde do Rio Branco, em setembro de 1871, e rezava que “os filhos da mulher escrava que nascerem no império, desde a data desta lei, serão considerados livres”.e dizia ainda que “os ditos filhos menores ficariam  em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais tinham que alimentá-los e  criá-los até a idade de 12 anos completos”. Despesas para o senhor, sem o retorno em trabalho do filho da escrava.

                                                           
LEI DO VENTRE LIVRE - SETEMBRO DE 1971 RJ 

       A lei dos sexagenários foi promulgada em 1885, e daí nenhum homem ou mulher de  sessenta anos ou mais continuava escravo, mas muito poucos chegavam até essa idade, devido à doenças ou maus tratos. De modo geral, essa lei previa a libertação dos escravos negros que tivessem  60 anos,  e que esse trabalhador deveria dar mais três anos de trabalho gratuito ao senhor, como forma de indenização. Ou seja, continuar como escravo mais tres anos. 

       A lei não mudava praticamente nada no panorama da escravidão no Brasil. Era uma lei atrasada que não mexia nos privilégios dos grandes latifundiários escravocratas.  A escravidão tornara-se antieconômica para os fazendeiros e senhores de engenho. Por isso muitos deles aderiram ao abolicionismo. No Ceará, por exemplo, a escravidão foi abolida em 1884. E SÓ então em 1888 a princesa Izabel assinou a lei Áurea que dava liberdade à todos os escravos. 


                                                               
LEI DOS SEXAGENÁRIOS, O ABANDONO DOS INCAPAZES EM 1885-
         

         Levas deles ficaram a perambular pelas estradas, andando pelas ruas e vielas das cidades e vilas, sem ter o que comer ou onde trabalhar. Muitos se ofereciam nas fazendas e nos sobrados para trabalhar em troca de comida. E daí apenas os mais fortes e capazes eram aceitos! O resto ... ficava ao “DEUS dará” esmolando e fazendo biscates!

       A escravidão acabou porque era do interesse dos grandes sob pressão de ingleses, americanos e europeus que tinham negócios no Brasil. É isso!


                                                               
OS NEGROS EX-ESCRAVOS EM 1920 NUM AGRUPAMENTO NO MORRO . SC.
  

          E hoje, quando podemos diminuir a IMENSA dívida que temos com eles, através da inclusão das COTAS no ensino Superior, em vigor no Brasil desde 2002, a política de cotas  visa  garantir espaço para minorias etnicas, índios, negros e pardos nas instituições de ensino superior, em concursos públicos como  outras políticas de ação afirmativa que garantem ao negro a inserção que ele merece.    MUITOS descendentes dos poderosos de outrora hoje torcem o nariz contrariados com as cotas. COMO SEMPRE FOI! 

           Devemos rever os livros escolares e colocar os pingos nos ís. O mito da princesa libertadora, não foi essa linda história que sempre cantaram e contaram.

FONTES:


http://histoblogsu.blogspot.com.br/2009/06/lei-do-ventre-livre-sexagenario-e-lei.html